Você já parou para pensar por que ainda ouvimos tantos casos de suspeitas e irregularidades em licitações? Mesmo com tantas regras e exigências, ainda faltam ferramentas capazes de garantir mais clareza e segurança em cada etapa.
A boa notícia é que a tecnologia está mudando esse cenário. E entre tantas inovações, o blockchain vem se destacando como uma solução concreta para dar mais transparência aos processos, dificultar fraudes e deixar tudo mais rastreável do edital à execução do contrato.
O Brasil, segundo levantamentos de instituições como a Transparência Internacional, ainda enfrenta desafios quando o assunto é percepção de integridade no setor público. Isso reforça a importância de adotar soluções que ajudem a mudar essa realidade.
O que é blockchain e por que ele é diferente no setor público?
Você já deve ter ouvido falar de blockchain devido às criptomoedas, mas ele vai muito além disso. Basicamente, é um sistema onde cada informação registrada é verificada por várias fontes diferentes antes de ser aceita. Depois disso, não tem como mudar ou apagar.
Funciona como um histórico público de tudo o que aconteceu. O dado entra, fica protegido por códigos, e pode ser acessado por quem tiver permissão. É como ter uma versão digital de um cartório que nunca perde um documento e não deixa ninguém mexer no que já foi feito.
Essa segurança toda é justamente tornando o blockchain tão promissor para processos públicos. Afinal, estamos falando de um ambiente que precisa garantir igualdade, controle e, principalmente, confiança entre as partes.
E nas licitações, como o blockchain pode ajudar?
Imagina se cada etapa da licitação do lançamento do edital até a entrega do serviço fosse registrada num sistema à prova de alterações. As propostas das empresas, os prazos, os documentos entregues, tudo salvo em um lugar que não dá para mexer depois.
Além de evitar problemas, isso facilitaria muito a fiscalização. Órgãos de controle e até o cidadão comum poderiam acompanhar o processo com muito mais clareza.
Segundo estudos de organizações como o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (OCDE), essa tecnologia pode deixar os processos públicos mais eficientes, reduzindo falhas, acelerando etapas e diminuindo o espaço para manobras.
O que já está rolando no Brasil?
O uso de blockchain em licitações ainda não está espalhado por todo o país, mas já tem gente testando e pesquisando. O Tribunal de Contas da União (TCU), por exemplo, publicou estudos apontando como a tecnologia pode auxiliar na prevenção de fraudes e no controle de gastos públicos.
A Receita Federal já usa blockchain para trocar dados com outros órgãos, garantindo que a informação seja protegida e não sofra alterações no meio do caminho.
E tem mais: o Banco Central está desenvolvendo o Real Digital, um projeto que também usa a lógica do blockchain para garantir segurança nas transações. É uma demonstração de que o governo está mesmo de olho na tecnologia.
E quem vende para o governo, o que pode fazer?
Se você trabalha com licitações ou atua em uma empresa que disputa contratos públicos, é bom começar a acompanhar esse assunto de perto.
A primeira dica é simples: busque entender como o blockchain funciona. Não precisa virar programador, mas saber o básico já ajuda a pensar em como isso pode impactar os seus processos.
Depois, fique atento às mudanças na legislação. Alguns estados e órgãos públicos já falam sobre testar o uso da tecnologia, e quem se antecipa costuma sair na frente.
Vale também revisar os fluxos internos da empresa. Automatizar tarefas, organizar bem os documentos e deixar os processos mais transparentes é um caminho natural com ou sem blockchain.
A verdade é que a licitação do futuro já é digital, segura e muito mais clara. E quem se preparar desde já vai ter mais chance de competir com qualidade e confiança.
Algumas universidades, como a FGV e a UFRJ, também vêm estudando o uso do blockchain em compras públicas, analisando como adaptar tudo isso às leis e regras do país.
